sábado, 14 de abril de 2012

Cidadania e Participação Social

Por Anderson Venicio
"Eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético forte econsciência da cidadania não deixa passar nada, não abre mão desse poder de participação. (Herbert de Souza, o Betinho)
Essa é um das afirmações que mais sintetizam, no cenário atual, o sentido de cidadania. Em especial para a atenção das desigualdades presentes no nosso país, sem PARTICIPAÇÃO, sem mobilização e organização dos agentes civis, não há sequer protótipo de cidadania. Com um imperativo sem rodeios, esta frase do Betinho demonstra que não há opção, não há escolha, ou PARTICIPAMOS ou não há cidadania em qualquer esfera. Se tomarmos análise que, nos últimos anos, a consciência de participação nos caminhos do país foi impregnada por uma ojeriza da população pela função política, poderíamos pensar que não há mais perspectivas de cidadania plena no nosso país.
A arte política para a nossa população é um lócus para falcatruas e malversações para o dinheiro arrecadado pelo governo (com os altos impostos) e isto entra em conflito com o desejo de mudanças verdadeiras, principalmente pelos jovens. Os escândalos sucessivos veiculados na grande mídia alimentam esta ideia gerando assim um grande ceticismo e o afastamento dos cidadãos da esfera política, comprometendo atitudes favoráveis à participação democrática. Além desta “crise política”, a desigualdade econômico-social vivida por uma imensa população tem contribuído para este senso de não cidadania. Apesar do reconhecido crescimento econômico – e social - do país e que gerou um ganho maior de renda para essa população mais excluída, a miséria ainda é uma realidade para muitas pessoas e nesta carência é muito difícil pensar na política como solução.
Essa não participação também tem raízes históricas. Diferentemente de outras realidades, como nos Estados Unidos, a guisa de exemplo, a constituição do Estado brasileiro foi orientada para a manutenção de relações que beneficiaram as elites políticas e econômicas. Em vez de lutas contra privilégios que instaurassem direitos amplos, tivemos arranjos políticos que preservaram privilégios para poucos. Mesmo com exemplos como as Revoltas quilombolas, os movimentos históricos de libertação social no Brasil; todos sendo violentamente reprimidos pelo Estado opressor; além dos mais recentes movimentos das Diretas Já, e os Caras-Pintadas; fica parecendo que a mobilização da sociedade civil não é um traço cultural brasileiro. Mas esta afirmação não pode se configurar como verdade.
É nesse ínterim que o IMPERATIVO afirmado por Betinho assume grande necessidade para todos nós. A Participação é necessária. E não essa “participação virtual”, realizada nas “redes sociais” como alguns querem potencializar e achar que esse “compartilhamento” de dados é a real mobilização e participação política. Participar caracteriza-se por ações coletivas ou individuais, de apoio ou de pressão, e a organização sistemática e efetiva que são direcionadas a selecionar governos e/ou a influenciar as decisões tomadas por eles. Participar é mover a sociedade para a reflexão, mas também para a AÇÃO de mudança, para resultados para a coletividade. Participar é o DEVER de exercer direitos políticos e sociais garantidos pela Constituição.
*Anderson Venicio Santos, é Pedagogo e Professor de Lingua Portuguesa, e de cursos sobre Cidadania e Diversidade.

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